O lírio-do-vale (Convallaria majalis) é uma planta medicinal também conhecida como convalária, lírio-convale, lírio-de-maio, lírio-de-sino, lírio-do-brejo, lily of the valley (inglês), dentre outros nomes populares. A lenda diz que que o lírio-de-maio é associado ao planeta Mercúrio e foi um presente de Apolo para Aesculapius, deus da cura. A flor é frequentemente usada em buquês nupciais.
Benefícios e propriedades medicinais do lírio-do-vale
O lírio-do-vale contém 40 cardenolídeos (glicosídeos cardíacos) que, assim como o fármaco digoxina, afetam a frequência cardíaca, permitindo que o coração funcione de forma mais regular e eficiente, reduzindo a irritabilidade excessiva do miocárdio sem aumentar a quantidade de oxigênio requerida pelo músculo cardíaco. As folhas e flores são usadas há séculos no tratamento de doenças cardíacas e produzem efeitos similares aos digitálicos. Contudo, seu efeito é menos cumulativo, o que torna a convalária mais segura sobretudo para pacientes idosos.
No tratamento de doenças cardíacas, o lírio-do-vale é frequentemente combinado com a agripalma (Leonurus cardiaca), cacto-do-luar (Selenicereus) e crataego (Crataegus oxyacantha). Os flavonoides da Convallaria majalis estimulam as artérias a se dilatarem. Simultaneamente, a asparagina age como um diurético, sendo útil em casos de hipertensão. O lírio pode ser útil em casos de insuficiência mitral, doença causada em uma das válvulas do coração, conhecida como válvula mitral. Quando doentes, as válvulas podem ocasionar o retorno de fluxo do ventrículo para o átrio, causando assim, uma série de sintomas adversos.
Algumas substâncias do lírio-do-vale possuem efeitos calmantes, imunoestimulantes e reconstituintes sobre o sistema nervoso central. O lírio-do-vale é capaz de aliviar a dor, remover cianose e edemas e auxiliar na prevenção de doenças causadas por infecções. Da mesma forma, é usado na medicina popular em casos de contrações fracas durante o parto, derrames, dores no peito, epilepsia, espasmos, paralisia, dentre outras condições de saúde. O óleo essencial é utilizado pela indústria cosmética e de perfumaria, contudo é muito caro e frequentemente é substituído por substâncias sintéticas. A água da flor age como um adstringente para pele.
Cardioglicosídeos e digoxina
Os cardioglicosídeos ou digitálicos constituem um grupo de fármacos usados no tratamento de doenças do coração como arritmias e insuficiência cardíacas. Os digitálicos são encontrados em diversas plantas dos gêneros Digitalis e Kalanchoe. Também esta presente na composição da dedaleira (Digitalis purpurea), planta venenosa que cresce de forma selvagem na Europa. Comparada com os digitálicos, o lírio-do-vale é geralmente tão eficiente e as vezes age melhor, tanto como um tônico cardíaco quanto como um diurético. Além disso, é mais seguro, vez que os digitálicos podem paralisar o coração (um efeito nunca produzido pela Convallaria majalis).
A digoxina é o fármaco mais comum usado no tratamento de insuficiência cardíaca e taquiarritmias supraventriculares (TSV). A toxicidade aguda por digitálicos tende a ocorrer em pacientes mais jovens, resultante de uma grande ingestão individual de digoxina ou exposição a animais (alguns sapos venenosos) ou plantas contendo digitálicos. A toxicidade crônica é mais comum e geralmente ocorre em pessoas idosas, particularmente naquelas com insuficiência renal ou que fazem uso de diuréticos. A Convallaria majalis é composta de ácido cítrico, ácido málico, convalarina, convalosídeo, convalatoxina, convallatoxol, óleo essencial, flavonoides e saponinas.
Contraindicações e efeitos colaterais do lírio-do-vale
O lírio-do-vale é potencialmente tóxico e não deve ser utilizada sem recomendação e supervisão de um profissional da saúde competente. O uso não deve exceder o período de dez dias. Os glicosídeos cardíacos são irritantes gastrointestinais e podem ser responsáveis por uma variedade de arritmias cardíacas (bradicardia, fibrilação ventricular, pulso irregular) e podem ser fatais.
História e curiosidades
O nome de gênero, Convallaria, em latim significa "dos vales". Majalis recorre ao mês de maio, época de florescimento. Na aromaterapia, o óleo essencial do lírio-do-vale é usado para aliviar a depressão, impregnar a gentileza, felicidade, modéstia e a sensação de segurança. Durante a Idade Média, o cataplasma da erva combinado com lavanda e pimenta era aplicada na testa e na nuca como forma de tratamento para doenças cerebrais como depressão, derrame, epilepsia, melancolia e para restaurar o equilíbrio mental.
A Convallaria majalis é nativa da Europa e de algumas região da Ásia. Possui pequeno porte, vez que atinge no máximo 25 centímetros de altura. O rizoma é horizontal e dele crescem as folhas aos pares. As folhas são ovaladas, largas e possuem a coloração verde brilhante. As flores, de aroma peculiar, são pequenas e delicadas, possuem a cor branca e tem o curioso formato de sino. Os frutos consistem em pequenas bagas na cor vermelha com sementes bastante duras. O lírio-do-vale faz parte da família Liliaceae.